Por Patrícia Punder (*)
ESG (Environmental, Social and Governance) faz parte das notícias diariamente. Empresas, mesmo sem saber a profundidade e o nível de responsabilidade que a implementação de um Programa de ESG requer, resolveram que agora o possui. Alguns economistas dizem que ESG é essencial para as empresas e que não irão sobreviver sem a sua implementação.
Muitos dos argumentos acima são pertinentes, mas outros demonstram a falta de conhecimento sobre o tema, principalmente, por ser transversal em relação a matérias importantes como economia, política, história, sociologia. Não estamos diante da “nova economia”, mas sim da evolução da economia.
É importante notar que a evolução da economia não é linear e que diferentes partes do mundo experimentam suas diversas fases de maneira diferente e em momentos distintos, sendo moldada por diversos fatores, tais como, avanços tecnológicos, mudanças demográficas, políticas governamentais e questões globais emergentes. Além disso, desafios econômicos, como guerras, recessões, crises financeiras e pandemias podem ter um impacto significativo na trajetória econômica global, esta que desempenha um papel crítico na capacidade das empresas e investidores de adotar e promover Programas de ESG.
Uma economia forte e saudável pode criar um ambiente propício para o investimento em iniciativas sustentáveis e responsáveis, enquanto uma em crise pode apresentar desafios adicionais. No entanto, a conscientização que o mundo necessita evoluir e muito em seu processo produtivo, criando alternativas de geração de empregos por meio de uso de energia limpas são essenciais para todo o mundo.
Realmente, não é possível apertar um botão e literalmente desligar nossas atuais matrizes energéticas que, infelizmente, são poluentes. Mas, temos que ser ágeis e agressivos nos investimentos de novas matrizes de energia e processos produtivos mais limpos. Ademais, os trabalhadores também terão que aprender a trabalhar com as novas tecnologias e processos de produção.
Não podemos continuar com a mentalidade da economia industrial, que provocou desastres ecológicos, deixou rios e cidades totalmente poluídos, prejudicando significativamente a qualidade de vida de seus habitantes.
Uma administração sustentável refere-se a um modelo econômico que busca atender as necessidades atuais das sociedades, das empresas, das comunidades, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atenderem às suas próprias necessidades. Temos que nos perguntar qual o legado que estamos deixando para as próximas gerações? É importante ressaltar de que o ecossistema do planeta está em constante mudança por fatores externos causados a eles, ou seja, ações humanas geram mudanças, muitas vezes, irreparáveis ao meio ambiente. Portanto, é imprescindível compreender que esse modelo governamental foi projetado para minimizar os impactos negativos no meio ambiente, promover justiça social e garantir estabilidade econômica a longo prazo.
A transição para uma economia sustentável é um desafio global que requer a cooperação de governos, empresas e indivíduos. Entretanto, cabe lembrar que não faz muito tempo que o mundo saiu de uma pandemia, onde houve milhões de causalidades como morte e sequelas. Agora, em 2023, o mundo enfrenta 2 grandes guerras que afetam diretamente essa transição, uma vez que o custo financeiro e humano dos conflitos armados é imensurável.
Existe uma urgência para que ocorra a transição para uma administração sustentável no mundo, pois já estamos sentindo as consequências devido ao aquecimento global. Enchentes, secas, terremotos e incêndios têm ocorrido em diversos lugares do mundo onde não aconteciam no passado.
Embora, a transição apresenta desafios significativos, principalmente a boa vontade de muitos governantes dos países mais poluidores, também oferece oportunidades para o desenvolvimento econômico mais equitativo e duradouro. É imprescindível que exista uma maior conscientização sobre os impactos das mudanças climáticas e a importância da sustentabilidade para impulsionar ações em direção a esse objetivo compartilhado em todo o mundo.
Não existe outro caminho, a economia deve evoluir. Não podemos mais aceitar segmentos econômicos que são reativos, pois ainda vivem a ilusória gestão do lucro a curto prazo. Ou governos que desejam permanecer como estão, pois acreditam que os investimentos serão elevados, principalmente na infraestrutura e tecnologia, quando podem absorver este dinheiro com corrupção.
Estamos em um momento de inflexão e único na história. Sem uma transição drástica dos governos atuais, há uma enorme probabilidade de, nos próximos séculos, extinguirmos os recursos naturais e prejudicarmos o ecossistema a um nível irreparável para habitação dos seres humanos.
*Advogada e CEO da Punder Advogados
Artigo publicado no Diário do Comércio, 6 de janeiro de 2024.
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